Texto: Mateus 23.13-29
Introdução
Encontramos hipocrisia dentro da igreja? Como justificá-la? É possível?
Segundo pesquisas, a palavra “hipocrisia”, na antiguidade, não tinha a conotação negativa que hoje conhecemos. Segundo W. Barclay, hipocrisia, na antiguidade, estava associada a realidades como: Um interprete ou expositor de oráculos ou sonhos; um orador; um recitador de poesias; um ator.
A conotação negativa que a hipocrisia assumiu nos dias atuais vem exatamente deste ultimo uso; ator, o que desempenha um papel, o que se apresenta de uma forma sem, na verdade, ser aquilo que aparenta.
Nos dias de Jesus, esta pratica estava bastante associada á religiosidade dos fariseus. Fariseu era um grupo religioso-politico-social de grande influencia nos dias de Jesus. Eram os “piedosos” da religião, devotos rigorosos e inquiridores da observância da Lei. Na verdade, eles assim desejavam ser conhecidos, mas não eram nada disso. Eram verdadeiros atores, no que tange, moralidade e piedade, interpretes de uma falsa santidade. pois falavam do que não viviam (v.23). Apresentavam-se envoltos em meio a uma redoma de pureza exterior, todavia, seus desejos e planos eram carniças, semelhante aos, que por eles eram julgados. (v.27). Tal atitude, jamais foi e jamais sera aceita por Jesus, Sua morte não foi em vão. Jesus denunciava publicamente os erros dos escribas e fariseus e, sem poupar palavras, revelava a divergência entre o discurso e a pratica destes religiosos dos seus dias.
Podemos observar que por oito vezes Ele usou a solene expressão “ai de vos”, e por sete vezes, os chama de hipócritas. Atentemos bem a essa passagem bíblica. Ela nos ensina algumas lições.
1. Como a hipocrisia se manifesta
Nos evangelhos, percebemos claramente como a hipocrisia se manifestava na vida dos religiosos dos dias de Jesus. O Dr. W. Barclay faz uma analise de como o hipócrita era conhecido:
a) É o homem que se dá a representar publicamente a bondade. É o homem que quer que todos o vejam dar esmolas (Mt 6.2), que o vejam orar (Mt 6.5), que saibam que está jejuando (Mt 6.16). É o homem cuja bondade visa agradar não a Deus, mas aos homens.
b) É o homem que, no próprio nome da religião, quebra as leis de Deus. É o homem que diz que não pode ajudar seus pais, por que já tinha dedicado seus bens ao serviço de Deus (Mt 15.4-6; Mc 7.10-13). É o homem que se recusa a ajudar um enfermo no sábado, embora não descuide do bem-estar de seus animais no mesmo dia (Lc 13.15). É o homem que prefere sua própria idéia de religião à idéia de Deus.
c) É o homem que esconde os seus motivos verdadeiros sob uma máscara de fingimento. Os motivos verdadeiros das pessoas que perguntaram a Jesus acerca do pagamento de tributos não eram obter informações e orientação, mas, sim, embaraçar Jesus nas suas palavras (Mc 12.15; Mt 22.18).
d) É o homem que esconde um coração mau sob a mascara da piedade. Os fariseus eram assim (Mt 23.28). É o que pratica todos os gestos externos da religião, enquanto no seu coração há orgulho e arrogância, amargura e ódio. É tipo de pessoa que nunca deixa de ir à igreja e que nunca deixa de condenar um pecador.
e) O hipócrita acaba ficando cego. Pode interpretar os sinais do clima, mas não pode ler os sinais de Deus (Lc 12.56). Enganou aos outros tão freqüentemente, que acabou enganando a si mesmo.
f) O hipócrita é o homem que, pela causa da religião, afasta outras pessoas do caminho certo (Gl 2.13; Tm 4.2; I Pe 2.1). Persuade os outros a lhe darem ouvidos, em vez de escutarem a Deus.
g) No fim, o hipócrita é o homem sujeito a condenação de Deus (Mt 24.51).
Aqui há uma advertência. De todos os pecados, a hipocrisia é aquela no qual é mais fácil cair e ser rigorosamente condenado (Pecador convicto x Santo fingido).
Precisamos cuidar para que não assumamos, na atualidade, a roupagem dos fariseus nos dias de Jesus. É muito fácil viver uma hipocrisia mascarada e fingida, do que investir diligentemente, diariamente vigilante em espiritualidade verdadeira, em uma religião de vida, uma santidade autêntica. O hino “Vencendo vem Jesus” traz entre suas estrofes os seguintes versos: “Da vaidade, fieis servos, lutam por fazer-nos seus! Muitas vezes nos assaltam os modernos fariseus...”
2. A hipocrisia do ponto de vista bíblico
Observemos a linguagem usada pelo Senhor no texto. Ela revela, de maneira inequívoca, quão abominável é, aos olhos de Deus, o espírito de escribas e fariseus, não importando a forma em que se manifeste. Em Mateus 23.12-36, encontramos, por 8 vezes, a expressão usada pelos profetas do Antigo Testamento para referir-se à condenação – Ai!
O primeiro “ai” nesta lista foi dirigido contra a sistemática oposição dos escribas e fariseus ao progresso do evangelho (v.13).
O segundo “ai” é dirigido contra a cobiça e o espírito de auto-engrandecimento (v.14).
O terceiro “ai” é dirigido contra o zelo pelo partidarismo (v.15).
O quarto “ai” é dirigido contra as doutrinas e juramentos anunciados pelos escribas e fariseus (v.16).
O quinto “ai” é dirigido contra a pratica de exaltação das coisas menos importantes, em detrimento das essenciais (v.23).
O sexto e o sétimo “ais” são dirigidos contra uma característica geral da religião dos escribas. Para eles, a pureza de coração (vs.25,26).
E o ultimo “ai” é dirigido contra a veneração fingida que eles demonstravam pela memória dos santos já mortos.
Observemos a deplorável situação que se encontrava a nação judaica nos dias de Jesus, que infelizmente, chegou a nós. Tamanha escuridão nos ensinamentos, pois numerosos são os fariseus nos dias atuais. Grandes, não todos. Nossa garantia é que somente o que está em Cristo, viverá.
Com base neste texto, não podemos deixar de reconhecer quão abominável é a hipocrisia aos olhos de Deus. Os escribas e fariseus não foram acusados de serem ladrões ou assassinos e, sim, de serem hipócritas desde o âmago de seu ser.
3. A hipocrisia tem cura
A finalidade desta passagem bíblica é condenar a hipocrisia e apontar o melhor caminho para agradar a Deus. Ao identificar a hipocrisia, Jesus mapeou as mais intensas praticadas e condenou-as, bem como os que praticam. A perspectiva de vida com Deus, apresentada por Jesus, Traz um inerente remédio contra a realidade da hipocrisia.
Em Mateus 5.8, Jesus, ao dar inicio aos seus ensinamentos, no chamado Sermão do Monte, difere completamente do discurso e da pratica dos fariseus, enaltecendo a importância da pureza de coração – “Bem-aventurados os limpos de coração, por que verão a Deus”. Se a hipocrisia traz em si a condenação de Deus, por outro lado, a pureza de coração, a transparência de intenções, e a ausência de contaminação nos desejos, trazendo consigo a aprovação do Senhor.
Conclusão
Conclusão
Como igreja, nosso maior desafio é uma prática cristã verdadeira, coerente e pura, desprovida de jogos de interesses disfarçados à sociedade vitimando-as muitas vezes, como ovelhas. Como igreja devemos buscar a pureza de coração e rejeitar a hipocrisia dos fariseus deste século.
Façamos da oração de Davi, a nossa oração: “Bem sei, meu Deus, que tu provas os corações, e que da sinceridade te agradas...” (I Cr 29.17) e consideremos também, a exortação de Hebreus 10.22: “Aproximemo-nos com sincero coração, em plena certeza de fé...”
Por: Carlos Eduardo (Pr. Kadu)
Deus convida homens e mulheres a se encorajarem a viver o verdadeiro evangelho, pregando o qye vive e vivendo o que prega.
ResponderExcluirImpossível viver dissolutamente tendo um coração sincero.