A Páscoa, "Pessach."
Introdução:
Em Ex 12:3 - Gn 15: 13,14 - Jo 8:32-36 - Jo 3:16. O termo "páscoa" deriva da palavra hebraica "pessach", que significa passar por cima, pular além da marca ou passar sobre (atravessar). Quando Deus ordenou ao anjo destruidor que eliminasse todo primogênito na terra do Egito, a casa que tivesse o sinal do sangue do cordeiro não seria visitada pela morte (Êxodo 12:1-36). Os judeus passaram então a celebrar a Páscoa (Pessah) comemorando a saída do Egito, a passagem para a liberdade. A partir de Jesus, essa celebração foi substituída pela Ceia do Senhor, com o pão e o vinho, em Sua memória. Não mais para relembrarmos a saída do Egito, mas para estarmos sempre nos lembrando da liberdade que Nele há, da Sua morte e ressurreição. A passagem de uma vida, para uma vida vivida em "novidade de vida."
A Páscoa é uma comemoração muito importante na vida do cristão, ela é sinônima de libertação(Ex 12:17, 42; Dt 16.3); entende-se também como início de novos rumos, da nova caminhada em direção a uma vida santa e segundo o coração de Deus. Sua instituição foi ordenada pelo próprio Deus a Moises (Ex 12.1,2 e Jo 2.23); a observação é uma ordenança e deve ser cumprida pelos verdadeiros filhos de Deus (Ex 12.28,50); a exemplo do Senhor Jesus, que junto a seus discípulos a comeu (Mt 26,17-20).
A Primeira Páscoa - Êxodo 12.1-12.
1.As qualificações para o sacrifício:
·"Cada um por si" (Êxodo 12.3) - a responsabilidade individual.
·Um cordeiro "segundo as casas dos pais" (Êxodo 12.3,4) - segundo as necessidades de cada um.
·Sem mácula (Êxodo 12.5) - a pureza do sacrifício.
·Macho (Êxodo 12.5) - por determinação divina; a qualificação perfeita.
·Tomado entre as ovelhas ou as cabras (Êxodo 12.5) - a utilidade e acessibilidade do sacrifício.
·Um ano de idade (Êxodo 12.5) - a inocência e preciosidade do sacrifício
2.A cerimônia do sacrifício também tinha que ser observada. (Êxodo 12.6).
·Para que fosse aceito o cordeiro era guardado do décimo até o décimo quatro dia (Êxodo 12.6).
·Era sacrificado à tarde (Êxodo 12.6).
·O seu sangue era um sinal para o Senhor não ferir ninguém na casa onde o seu sangue era posto na verga e nas ombreiras da porta (Êxodo 12.7).
·A sua carne deveria ser assada no fogo com pães ázimos e comida com ervas amargas (Êxodo 12.8).
·Nada dele deveriam ser comidos cru, nem cozidos em água, mas assado no fogo (Êxodo 12.9).
·A sua cabeça e os pés com a sua fressura, nada podiam ser deixados até o amanhecer (Êxodo 12.9).
3.A participação do povo que comeram o sacrifício foi especificada (Êxodo 12.11).
·Os que comiam na páscoa tinham que estar vestidos para viajar (Êxodo 12.11, lombos cingidos, sapatos nos pés, o cajado na mão).
·Deviam comer apressadamente (Êxodo 12.11). Prontos para obedecer na peregrinação.
I.Cristo nosso, páscoa.
1.Cristo: o sacrifício propício.
Jesus era o sacrifício dado por Deus (João 3.16; Isaías 28.16; 42.1; I Pedro 2.4, "mas para Deus, eleita e preciosa"). Por si – "O Cordeiro de Deus".
Cristo é segundo o que é necessário, Ele é o "justo para os injustos" (I Pedro 3.18); veio ao mundo, nascido de mulher, sob a lei (Gálatas 4.4), verdadeiramente Ele é "segundo a casa dos pais" (Êxodo 12.3,4).
Cristo era o sacrifício de Deus sem mácula (II Coríntios 5.21; Hebreus 4.15; I Pedro 2.22).
Cristo é macho "E dará à luz um filho" (Mateus 1.21); os anjos anunciaram aos pastores de Belém, "Achareis o menino envolto em panos" (Lucas 2.12); os pastores foram a Belém e "acharam...". o menino deitado na manjedoura" (Lucas 2.16); na fuga para o Egito, o anjo do Senhor apareceu em sonhos, "Levanta-te, e toma o menino" (Mateus 2.13); na volta do Egito para Israel, "Levanta-te, e toma o menino" (Mateus 2.19); e em Jerusalém, Jesus foi circuncidado (Lucas 2.21) e foi apresentado no templo pois "Todo o macho primogênito será consagrado ao Senhor" (Lucas 2.23); na volta a Nazaré Lucas foi inspirado a relatar "E o menino crescia" (Lucas 2.40). Verdadeiramente Cristo é o Filho de Deus.
Cristo foi tomado entre o povo (Isaías 53.2, "como raiz de uma terra seca;"; João 1.11, "o que era seu"; Mateus 26.45, "Filho do homem").
Inocente e precioso diante de Deus, (I Pedro 1.19; Provérbios 8.29-31; II Samuel 12.3) assim como foi precioso o cordeiro de um ano.
II.Cristo nosso, vigário (substituto).
1.A Morte de Cristo - igual à celebração da páscoa.
Cristo foi guardado aparte, até que fosse "chegada à hora" certa (João 17.1), Cristo foi aguardado até a "plenitude do tempo" (Gálatas 4.4); "a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho", (Hebreus 1.1).
Jesus também foi crucificado à tarde (Mateus 27.46; Marcos 12.34; Lucas 23.44; João 19.14) e foi diante todo o ajuntamento da congregação: os políticos, soldados, religiosos e o público geral (Mateus 27.11-20, 27-31, 39-44). Portanto, são testemunhas.
A aspersão (aplicação) do seu sangue é sinal que Deus aceita o sacrifício (Hebreus 9.14; 12.24). Quem tem o sangue de Cristo em seu coração nunca verá a morte mas já passou da morte para a vida (João 5.24; II Tessalonicenses 1.10; I João 1.7).
A morte de Cristo foi acompanhada por tristeza e sofrimento, da mesma maneira que a carne da páscoa, assada no fogo e comida com ervas amargas (Mateus 26.37-44, "começou a entristecer-se e a angustiar-se muito"; II Coríntios 7.10, "tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação). Cristo foi desamparado por Deus (Mateus 27.46), um sacrifício completo, nada terminando antes da hora (Fil. 2.8, "obediente até a morte, e morte de cruz."). Tudo "consumado" perfeitamente.
Assim como nenhum pedaço da carne da páscoa deveria ficar para depois, nada do corpo de Cristo foi deixado além da hora prevista na cruz (Mateus 27.57-60) ou na sepultura, pois ressuscitou no terceiro dia (Mateus 28.1-6, "Ele não está aqui"), exatamente como foi profetizado (Mateus 16.21).
A qualificação dos que "comem" de Cristo pela fé (João 6.55,63; Romanos 1.17, "o justo viverá da fé") é a mesma para os que tenham direito a participar da Ceia do Senhor (a instrução sobre a Ceia do Senhor foi dada aos membros da igreja em Coríntios, I Coríntios 11.20, 24; "quando vos ajuntais", como a primeira ceia foi para os daquela casa, Êxodo 12.3,4).
Comem se preparando para peregrinar honestamente (Rom 6.4, para andar "em novidade de vida") entre os gentios, até o "dia da visitação" (I Pedro 2.11,12). Nossa morada, tesouro, vida e reino são tudo no céu. Estamos em terra estranha e devemos andar como os do dia (I Tessalonicenses 5.5,6, "Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios;"; Efésios 5.8; I Coríntios 11.28, "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.").
Também há uma certa pressa para que o pecador seja salvo, para não deixar para outra hora a salvação que é tão necessária (Atos 17.30; Hebreus 3.7-11). Há pressa também para os salvos. Eles têm responsabilidades sérias para cumprir antes da vinda do Senhor: evangelização; santificação pessoal.
O crente é um peregrino e a vinda de Cristo é iminente. Portanto, trilhe o seu caminho apressando-se enquanto olhe para Jesus que logo virá (Hebreus 12.1,2; I Tessalonicenses 5.2; II Pedro 3.10; I Coríntios 11.26, "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha").
A instituição da Ceia do Senhor foi durante a observação da Ceia da Páscoa (Mateus 26.17-19; Marcos 14.12-16; Lucas 22.7-13) assim trazendo as verdades tipológicas da Ceia da Páscoa para a Ceia do Senhor.
O Pão ázimo representa Cristo sem pecado como o sacrifício idôneo no lugar dos pecadores que se arrependem e crêem Nele (II Coríntios 5.21; fermento representa pecado: I Coríntios 5.6-8; Lucas 12.1).
O Fruto da Vide representa a inocência e a preciosidade da vida de Cristo (I Pedro 1.18,19) que foi derramada na cruz para todos estes que creram, crêem e crerão Nele (João 3.16; 17.9,20).
A Ceia do Senhor é de natureza memorial. - Lucas 22.19 "fazei isto em memória de mim."; 1 Coríntios 11.24. Não salva o memorial. Este não tem poder para salvar. É apenas uma lembrança que aponta à morte de Jesus. Cristo é a salvação perfeita. Crendo Nele entra no agrado de Deus. Rejeitando Cristo, rejeita o único sacrifício pelos pecados que agrada Deus.
Cristo é o "Cordeiro de Deus", a "nossa páscoa" (I Coríntios 5.7, "Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós"; I Pedro 2.24) em todas as maneiras, e a Ceia do Senhor relembra-nos disso.
III.Cristo nosso, libertação.
A Páscoa significa libertação. A Páscoa surge como a festa que marcava o fim da opressão e da escravidão no Egito do povo hebreu. A profecia a Abraão revelava que seus descendentes ficariam sob o domínio de uma terra estranha por 400 anos, mas que depois eles seriam libertados e sairiam com grande riqueza (cf. Gn 15: 13,14). E isto de fato ocorreu, mas não antes que esta festa fosse celebrada. E um pequeno detalhe, se esta festa era a festa da libertação, porque então ela foi celebrada antes da libertação propriamente dita? Porque Deus quis ensinar que o sacrifício expiatório, a fé e a nossa obediência precedem a plena libertação, afinal, Israel não estava sendo liberto apenas do Egito, mas também do Anjo da Morte. E isto implica que a libertação espiritual sempre precede a física. Se o sangue do cordeiro não fosse derramado e aspergido sob os umbrais da casa, o povo de Israel teria sido destruído pelo Anjo. A libertação da páscoa reveste-se, portanto, de um caráter interior, por mostrar a necessidade pessoal de libertação por meio da substituição. E um caráter prospectivo, porque profetizava a libertação antes dela acontecer e prenunciava a obra messiânica de Cristo.
Neste sentido, a Páscoa devia ser celebrado por nós com profunda reverência e festa, afinal, Cristo é a nossa Páscoa. Sua vida foi posta como cordeiro que sendo morto derramou seu sangue em favor de muitos. A nossa libertação espiritual plena foi conquistada por Cristo, a nossa Páscoa. João Batista chamou Jesus de "cordeiro de Deus" que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1.29). O apóstolo Paulo disse que ele é a nossa páscoa (1Co 5:7), e Ele mesmo prometeu a libertação a todos quantos crerem Nele (cf. Jo 8:32-36 e Mt 11:28).
Aceitar o sacrifício de Jesus feito por nós como diz as Escrituras, é saborear da páscoa, e estar no caminho da liberdade espiritual. A Páscoa dos hebreus os libertou da escravidão, opressão, miséria e de seus pecados perante Deus. Esta libertação aponta para o começo de uma nova vida, liberta de todos os seus terrores e opressão.
Páscoa significa também salvação da Família. Observem que a promessa de Deus era que por meio do sacrifício de um cordeiro e cada casa era salva do destruidor. Faraó havia dito ao povo hebreu que eles podiam ir, mas sem os seus filhos (cf. Ex 10:8-11). A Páscoa nos desperta para o fato de que a obra de Jesus foi suficiente para conceder libertação também a nossa Família. O Senhor nesta ocasião quer te despertar para o compromisso que você, pai, mãe e filho, tem diante de Dele para com sua própria família.
Páscoa tem profundo significado para o cristão por representar a obra de Cristo para a nossa redenção. Séculos depois a páscoa cristã, um dia tornar-se-ia história na encarnação do Senhor. E a Páscoa hebraica era exatamente uma antecipação figurativa da obra de Jesus no calvário. Observemos agora algumas similaridades do cordeiro da Páscoa e de Cristo a nossa Páscoa.
Implicações conclusivas:
a). A pureza.
O cordeiro pascoal era separado no décimo dia de Abibe (abril) e examinado minuciosamente antes do seu sacrifício no dia 14 de Abibe, pois o cordeiro tinha que ser "... imaculado". Quando Lucas registra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém poucos dias antes da crucificação, o faz exatamente na hora em que o povo estava trazendo os seus cordeiros pascoais para serem examinados pelos sacerdotes. Segundo o autor de Hebreus 7: 26 Jesus tinha que ser declarado "... Santo, irrepreensível, imaculado, e inviolado pelos pecadores".
b). O exame sacerdotal.
O cordeiro da Páscoa era submetido a um exame pelos sacerdotes que o julgavam, com base no exame de sua perfeição, apto para ser sacrificado. Quando lemos o relato de Mateus 22 do verso 15 ao 46, encontramos Jesus, o cordeiro de Deus, sendo examinado pelos herodianos, saduceus, escribas e fariseus e nenhum deles conseguiu achar nele nenhum defeito que o incriminasse e eles mesmo ficaram sem condições de responder-lhe nenhuma palavra (cf. Mt 22:46).
c). O exame das autoridades.
Em Jo 18:12, 28, encontramos Jesus sendo preso e levado ao tribunal na casa de Caifás, e como era ocasião da páscoa, os judeus não podiam entrar no tribunal para não se contaminarem, pois se assim fizessem não poderiam comer da páscoa. Naquele momento também, os cordeiros pascoais estavam também sendo examinados.
E Caifás queria evidências para o entregar a Pilatos, mas não as encontrou; por isso, ao invés de apresentar ofensa, disse apenas que se Ele não fosse ofensor não seria entregue (cf. Jo 18.29). Pilatos por sua vez, após ter examinado Jesus, "... não achou nele crime algum..." (cf. Jo 19.4). E com estas palavras, o veredicto legal e civil estava dado e três vezes Pilatos declarou que Jesus era inocente (cf. Jo 18: 28; 19: 4, 6).
A lei dizia que o cordeiro teria que ser sem defeito algum, senão, ele não poderia ser sacrificado ao Senhor (cf. Dt 15:21). Jesus foi achado sem defeito diante de todos depois de profundo exame e só depois foi crucificado.
Tendo em vista que o sacrifício do cordeiro pascoal era suficiente para justificar os hebreus diante do destruidor, o sacrifício de Cristo também foi suficiente para justificar o homem diante de Deus contemplando a justiça divina.
Páscoa é a celebração da Nova Vida. A páscoa, como é comemorada pelo mundo, não nos traz qualquer beneficio, mas quando entendemos que nossa Páscoa é Cristo, então chega a hora de tiramos das reflexões e práticas correlatas, muitas importantes lições.
Primeiramente aprendemos que se Cristo é a nossa páscoa, não faz sentido a comemorarmos com ovos e nem coelhinhos, tampouco com sacrifico de animais, mas através do sacramento ordenado por nosso Senhor Jesus Cristo, a Ceia do Senhor.
"E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus e, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus e, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu aos seus amigos, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós." (Lc 22: 15- 20).
Neste episódio, ocorrido pouco antes da prisão e morte de Jesus, Ele introduz naturalmente a Ceia como substituta da festa pascoal do Antigo Testamento. Se observarmos, esta evidente que o Senhor não terminou a refeição pascoal antes de instituir a Ceia, antes, a ceia está intimamente ligada à refeição pascal. O pão que era comido com o cordeiro na páscoa foi consagrado para um novo uso pelo Senhor e o terceiro cálice (cálice messiânico), que era chamado de cálice da bênção, foi usado como segundo elemento na ceia. Desta forma percebemos que a Páscoa vestiu-se de um novo significado na última ceia instituída por Jesus. Ademais, os sacrifícios pascoais tinham significado simbólico e apontavam para Cristo que haveria de ser apresentado em sacrifício para envergonhar a morte. Quando este estava a ponto de ser morto e cumprir as escrituras e tudo aquilo que estes sacrifícios pascoais prenunciavam há séculos, houve a necessidade de mudar o símbolo e o tipo. Afinal, haveríamos de continuar comendo cordeiros? Haveríamos de comer a carne de Cristo sendo Ele nosso cordeiro pascoal? É claro que não.
Mas como então comemorar este ato memorável feito por Cristo senão através da festa que ele instituiu, a santa ceia. Aprendemos ainda que na ocasião da páscoa e da ceia, deveríamos meditar na tão grande novidade de vida que Cristo a nossa Páscoa nos proporcionou. Jamais deveremos esquecer o significado da páscoa e que foi por isto que Jesus nos ensinou a Cear com a seguinte admoestação, "... fazei isto... em memória minha...".
A memória deste acontecimento nos permite gozar da certeza da libertação do pecado, da morte e da miséria interior na qual estávamos condenados a aceitar, e nos permite olhar para o futuro com esperança, já que cada vez que ceamos "anunciamos a vida, morte, ressurreição e ascensão do Senhor até que ele venha". (I Co 11.26).
A nossa celebração da ceia pascal de Cristo, tão como foi à primeira celebração da páscoa pelos Hebreus, prenuncia que Cristo é a passagem da velha vida para uma nova vida. Hoje em Cristo, estamos comemorando, anunciando e proclamando que ele virá estabelecer definitivamente o seu Reino, e até lá, nós como igreja peregrina participamos com a ajuda do Espírito Santo da "transformação dos reinos deste mundo no Reino de nosso Senhor Jesus Cristo".
O elemento mais importante do cordeiro pascal no Egito foi o sangue, que devia ser passado nas ombreiras e na verga das portas das casas. O sangue era o sinal [,símbolo e selo] para o Senhor [abençoá-los]: "E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito" (Êxodo 12.13). Da expressão "passarei por cima", em Hebraico pessach, vem o nome Páscoa! Para os israelitas o sinal [, símbolo e selo] do sangue foi [comunicante de] sua salvação [pela ação graciosa do Senhor], e o sangue de Jesus [sinalizado, simbolizado e selado no puro vinho, autêntico fruto da vide] tornou-se [, pela instituição do Senhor,] o sinal [, símbolo e selo] da salvação para nós os que cremos nEle [e na eficácia do Seu sangue, o signo, a coisa simbolizada e a coisa selada]. Seu sangue [, pela sinalização, simbolismo e selagem do vinho puro, autêntico fruto da vide] mostra: aqui já houve julgamento. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele (veja Isaías 53.5). [Igualmente comunica salvação e as bênçãos advindas da salvação, pela ação do Espírito Santo, que além de converter os eleitos quando a Palavra é proclamada, os abençoa na Celebração da Ceia do Senhor.]
Em Êxodo 12.22 está escrito algo muito importante, que é pouco levado em conta: "... porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã". Os israelitas estavam seguros somente atrás das ombreiras e da verga da porta aspergidas com o sangue – e assim também nós estamos seguros somente em Jesus, somente estamos protegidos se estivermos nEle. Por isso, antes da crucificação, Jesus falou de maneira tão insistente da necessidade de estar nEle! Estar nEle significa, acima de tudo, atender ao que Ele ordena. Do mesmo modo que os israelitas deviam acreditar em Moisés e fazer o que ele ordenado, para serem salvos da perdição.
No mesmo contexto está escrito em Êxodo 12.11: "Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor". Também nós crentes em Jesus devemos assumir um posicionamento espiritual semelhante ao dos judeus prontos para partir, como está escrito em Hebreus 13.14: "Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura". Mais adiante, a Epístola [do Apóstolo Paulo] aos Hebreus (11.10-16) diz que os crentes, como [estrangeiros e] peregrinos na Terra, estão buscando uma pátria celestial. Também nós devemos nos apressar, devemos estar sempre prontos para partir, revestidos de toda a armadura de Deus, que Paulo descreve em Efésios 6.13-17: cingidos [os lombos] com a verdade, calçados os pés com a preparação do evangelho da paz, [tomando sobretudo o escudo da fé e também o capacete salvação], tendo na mão a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.
São mencionados ainda mais detalhes que têm significado simbólico: Êxodo 12.8 ordena que a carne assada em fogo do cordeiro devia ser comida com "pães ázimos; com ervas amargosas a comerão". Essa é uma indicação dos amargos sofrimentos de Jesus por nós (tanto em Seu corpo, quanto em Sua alma]. Em Êxodo 12.46 está escrito que nenhum osso do cordeiro pascal devia ser quebrado – por isso, João 19.33-36 menciona que, ao contrário dos dois outros crucificados, nenhum dos ossos de Jesus foi quebrado.
Portanto, podemos dizer com Paulo: "Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós" (1 Coríntios 5.7).
Por: Pastor George Emanuel
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