I – INTRODUÇÃO
A pregação é um milagre duplo. O primeiro milagre é Deus usar um homem imperfeito, pecador e cheio de defeitos para transmitir Sua perfeita e infalível Palavra. Trata-se de um Ser perfeito usando um ser imperfeito como seu porta-voz. Só um milagre pode tornar isso possível. O segundo milagre é Deus fazer com que os ouvintes aceitem o porta-voz imperfeito, escutem a mensagem por intermédio do pecador e, finalmente, sejam transformados por essa mensagem. Esse é o grande milagre da pregação.
As técnicas são indispensáveis para uma boa pregação. Embora todas as técnicas ajudem o pregador, porém, não fazem dele um pregador. Par ser um bom pregador é preciso ter a técnica e algo mais. Esse algo mais é o milagre do Espírito Santo. O pregador deve orar, meditar e se colocar inteiramente nas mãos de Deus, para então, depois disto, pregar.
A leitura é uma parte importante do sermão. Ela deve ser bem feita, observando as pontuações estabelecidas, com suas pausas e mudança de personagem. O pregador precisa manter o contato com o público através do olhar, se fazendo próximo dos ouvintes.
II – DEFINIÇÃO DE HOMILÉTICA
Homilética é a arte de pregar. Esse termo tem origem no verbo grego homiléo, que quer dizer conversar.
III – REQUISITOS ESSENCIAIS DO SERMÃO
Dividem-se em dois grupos: os que são comuns a todos os discursos, a saber: ponto, unidade, ordem e movimento; e os que são peculiares ao sermão, a saber: fidelidade textual, tom evangélico e elemento didático.
IV – QUALIDADES DO PREGADOR
1 – Fidelidade a Deus; 6 – Observação; 11 – Bom vocabulário;
2 – Caráter; 7 – Capacidade de síntese 12 – Humildade.
3 – Entusiasmo; 8 – Imaginação e criatividade;
4 – Determinação; 9 – Memória;
5 – Sensibilidade; 10 – Boa aparências;
V – O AUDIOVISUAL DO PREGADOR
“O coração alegre aformoseia o rosto...” (Provérbio 15.13a)
1 – Expressão corporal;
2 – O olhar e a expressão fisionômica: “O grande orador romano Cícero (106-43 a.C.) declarou: na locução, em seguida à voz e à eficácia, vem a fisionomia; e esta é dominada pelos olhos. O poder da expressão do olhar humano é tão grande que, de certa maneira, ele determina a expressão do semblante todo”;
3 – O sorriso; 6 – O volume;
4 – Tom de voz; 7 – A velocidade;
5 – A dicção (s, r, l); 8 – A respiração.
VI – COMO PREGAR O QUE INTERESSA
1 – Conheça seu objetivo;
2 – Conheça seus ouvintes;
- Preparar a pregação de acordo com o ambiente: jovens, idosos, mulheres (SAF), homens (UPH), crentes, não crentes, aniversário etc – Idade, sexo, ambiente sociocultural.
VII – NÃO PREGUE NO ESCURO
“O melhor orador é aquele que transforma os ouvidos em olhos”
Fontes de ilustrações:
a) A observação;
b) A natureza (ex.: plantas, animais etc);
c) A experiência pessoal;
d) A experiência da Igreja;
e) A Bíblia;
O pregador deve estar sempre atento as notícias, fatos acontecidos recentes. A ilustração é um ponto chave do sermão.
Obs: Não conte casos de pessoas, para não ferir a intimidade. Não demore muito na ilustração, ela deve ser rápida e clara.
VIII – O QUE DEVE SER EVITADO NA PREGAÇÃO
a) Gírias;
b) Muita gesticulação;
c) Desrespeitar o auditório;
d) Jogar indiretas para alguém;
e) Tomar cuidado com a falsa humildade;
f) A arrogância;
O púlpito é lugar de pregar a Palavra de Deus.
IX – SERMÕES QUE ATRAPALHAM O CULTO
Ø Sermão sedativo (faz dormir);
Ø Sermão insípido (sem sabor);
Ø Sermão indiscreto (fala de coisas apropriadas para qualquer ambiente, menos para a igreja, onde as pessoas estão famintas do pão da vida);
Ø Sermão reportagem (fala de tudo, menos da Bíblia);
Ø Sermão marketing (é usado para promover e divulgar projetos da igreja);
Ø Sermão metralhadora (atira para todos os lados).
X – PARTES CONSTITUTIVAS DO SERMÃO
Trata-se das divisões do sermão ou das partes de que ele se compõe.
1) Exórdio (introdução);
2) Exposição (explicação, narração);
3) Proposição (tema);
4) Argumentação (demonstração);
5) Peroração (conclusão).
XI – SERMÃO PROPRIAMENTE DITO
Sermão de 20min.
Modelo: Introdução (3min.);
Desenvolvimento (15min.);
Conclusão (2min.).
XII – INTRODUÇÃO
Você nunca tem uma segunda chance de causar uma primeira impressão.
v A introdução é o aperitivo da refeição;
v A introdução deve ganhar a simpatia do ouvinte e despertar interesse pelo tema, desafiando o pensamento do ouvinte. Se o pregador não conseguir isso na introdução é quase impossível consegui-lo depois;
Obs.: Evite falatórios ou anúncios. Evite longas histórias. Seja claro e objetivo, evitando piadas, expressões rotineiras etc.
XIII – CONCLUSÃO
É a sobremesa do sermão. Um bom almoço termina com uma excelente sobremesa, dando um toque final no almoço, deixando um sabor delicioso na boca.
v Não anuncie a conclusão;
v Tenha cuidado para não se alongar muito;
v Conclua na hora certa;
v Não inclua matéria estranha.
XIV – CORPO DO SERMÃO
v Unidade absoluta;
v A escolha de um tema exige bastante estudo:
Escolha do texto sobre o qual você deseja falar (não escolha textos complicados);
Faça uma boa pesquisa sobre este assunto;
Estabeleça a idéia central, única, que vai governar a construção do sermão;
v Tenha propósitos claros;
v Divisões paralelas;
v Progressão das idéias.
Obs.: Nunca deixe de fazer um esboço do sermão.
XV – TIPOS DE SERMÃO
1) Sermão temático (falar em cima de um tema);
2) Sermão textual (usar o texto);
3) Sermão expositivo (usar o texto fazendo todo o levantamento);
Obs.: Quando escolher um texto, leia algumas capítulos antes e alguns capítulos depois. Não fale o que o texto não fala. Familiarizar-se com texto, lendo-o várias vezes, destacando, principalmente, os verbos, sujeitos e termos de ligação.
XVI – COLOQUE O SERMÃO NO DIA-A-DIA DAS PESSOAS
Com linguagem atual, realismo, coerência e objetividade;
Certo pregador falava em um acampamento de jovens sobre “auto-estima em Cristo”. Ele desenvolveu a idéia de que uma palavra de elogio e apreciação faz bem e desenvolve a auto-estima. Na aplicação final, distribuiu etiquetas adesivadas e pediu que cada jovem escrevesse ali algo de bom que apreciava em algum amigo presente. Foi uma aplicação fortíssima. Depois, num apelo bem descontraído, pediu que os jovens se levantassem e colocassem as etiquetas na camisa do amigo a quem o elogio se referia. Com descontração e alegria os jovens tocaram elogios entre si. O pastor que estava presente recebeu um elogio bem humorado de um rapaz. O jovem brincalhão colocou nele um adesivo que dizia: “pastor, aprecio muito a sua filha”.
XVII – TIPOS DE APLICAÇÃO
a) Direta;
b) De interrogação;
c) Aplicação indireta;
d) Testemunho pessoal.
XVIII – APROVEITE O MEDO
A) Pesquisa
Uma pesquisa feita pela revista Veja, com três mil pessoas, com o título: “de que você tem mais medo?”, revelou o seguinte:
Falar em público: 41%; medo de altura: 32%; insetos: 22%; problemas financeiros: 22%; águas profundas: 22%; doença: 19%; morte: 19%; viagem aérea: 18%; solidão: 14%; cachorro: 11%; dirigir ou andar de carro: 9%; escuridão: 8%; elevadores: 8% e escada rolante: 5%
B) Como lidar com o medo
q Lembre-se de que você não é o único;
q Não tenha medo do medo. Se não tiver medo do medo, você terá um medo a menos. Isto é, o medo se reduz pela metade. Basta pôr na cabeça que o medo faz parte da natureza humana;
q Aproveite seu medo. O medo e o nervosismo indicam que o seu corpo está se preparando para entrar em ação;
q Resolva correr o risco. Não tenha medo de fracassar. Diz um pensamento: “o risco do fracasso é o preço do sucesso”. Só obtém sucesso quem corre o risco de fracassar. E se cometer alguns erros ou mesmo chegar a fracassar algumas vezes, qual é o problema? Perder uma batalha não significa perder a guerra. Tente outra vez. Assuma o fato de que falar é importante e necessário para você, ainda que cometa erros;
q Abraão Lincoln é um exemplo típico de sucesso construído em cima de fracassos:
- Perdeu o emprego em 1832;
- Derrotado na legislatura de Linois em 1834;
- Fracassou nos negócios pessoais em 1833;
- Morre-lhe a eleita do coração em 1835;
- Sofreu de uma enfermidade em 1836;
- Derrotado novamente na legislatura de Linois em 1838;
- Derrotado na indicação para o Congresso em 1844;
- Perdeu a segunda indicação em 1848;
- Derrotado para o Senado em 1854;
- Derrotado para a indicação de vice-presidente em 1856;
- Novamente derrotado para o Senado em 1858;
- Eleito presidente dos Estados Unidos em 1860!
C) Use a descontração
§ Alguns exercícios antes de falar podem ajudar. Use a respiração profunda, várias vezes;
§ Procure descontrair os ouvintes usando uma boa pitada de humor;
§ Conta-se que Abraão Lincoln estava muito nervoso ao participar de um debate político. Seu oponente, que o antecedeu, acusou-o com sarcasmo de ter duas caras. Assim que o rival terminou, Lincoln levantou-se para falar. Como tinha a fama de ser muito feio, Lincoln começou o discurso com estas palavras: “acham vocês que se eu tivesse duas caras iria aparecer em público logo com essa?” A risada foi geral, e, dizem, que Lincoln começou a ganhar o debate com essa frase;
§ Prepare-se. O melhor remédio contra o medo e o nervosismo é estar bem-preparado e saber o que vai dizer;
§ Mantenha pensamentos positivos. O auditório não está ali para vê-lo fracassar, mas, sim, para ouvi-lo. Se não acreditassem em você, não ficariam para escutá-lo;
§ Seja perseverante. O exemplo mais clássico é o de Demóstenes. Conta-se que a primeira vez em que ocupou uma tribuna deixou-a sob as vaias da platéia, porque tinha cacoetes e problemas de dicção. Mas, mesmo derrotado pela tribuna, não foi derrotado por si mesmo. Para corrigir os cacoetes, discursava em casa com uma espada pendurada apontada para o ombro, e cada vez que o ombro se erguia nevorsamente, era ferido pela espada, até que o reflexo condicionado corrigiu o defeito. Para corrigir a dicção, discursava com a boca cheia de seixos (fragmento de pedra ou roxa), para aprender a controlar a língua. Não foi por acaso que se tornou o maior orador de todos os tempos;
§ Esteja aberto as críticas e persevere até o fim.
Referências bibliográficas
Marinho, Robson Moura. A Arte de Pregar: a comunicação na homilética. 1ª edição, São Paulo-SP, Vida Nova, 1999, 192p.
Gouveia, Herculano. Jr. Lição de Retórica Sagrada. Seminário do Sul, Campinas, São Paulo-SP, 1974, 99p.
Anexo
Sermão desenvolvido pelo Rev. Hélio Gomes Paulo.
1ª Coríntios 12.12-27
Introdução: Valorização do corpo. Importância da saúde: academia, caminhada, dietas etc. Há também a valorização da beleza (aparência). A pessoa é valorizada pelo que aparenta;
Explicação:
· Paulo pega a figura do corpo humano (pessoa) para ilustrar a unidade na Igreja, “assim também com respeito a Cristo” (v.12); este não divide, congrega, em Cristo somos unidos;
· A questão do corpo (e suas partes) é importante para a teologia de Paulo, no sentido de instruir uma Igreja com sérias dificuldades de relacionamentos;
· A cidade de Corinto segue uma relação hierárquica: autoridade e subordinação. Qualquer alteração era considerada revolta. O homem determinava a religião da esposa, filhos e escravos;
· O cristianismo muda essas relações e traz a valorização das pessoas e suas relações. A comunidade cristã sofre tensões diante do esforço de fazer todas as pessoas parte do corpo de Cristo;
Tema: “Nós fazemos parte do corpo de Cristo”
1 – Porque fomos incluídos neste corpo
· Houve uma inclusão das pessoas na Igreja, quando foram batizadas, quer judeus, quer gregos (v.13);
· Deus nos incluiu e não nos excluiu. No entanto, parece que nós nos excluímos (quando nos afastamos da Igreja);
· Paulo coloca a questão do batismo como entrada no corpo de Cristo (na Igreja). Calvino diz: “através do batismo somos enxertados no corpo de Cristo, de modo a vivermos unidos e nutrindo-nos de uma só vida”;
· Ele está falando do batismo de crentes, o qual se torna eficaz pela ação da graça do Espírito. Contudo, para que ninguém suponha que isso é efetuado pelo símbolo externo, o apóstolo acrescenta que ele é obra do Espírito santo;
· A questão fundamental é que somos unidos a Cristo, pela inclusão em seu corpo (a Igreja). Por isso, devemos permanecer unidos (incluídos) e não excluídos (afastados);
2 – Embora sejamos diferentes
· O corpo é um organismo vivo, contendo muitas partes distintas, que unidas umas as outras fazem parte do todo; muitos e diferentes, porém iguais diante de Deus. A diferença não nos exclui da comunidade, mas precisa completar e enriquecer;
· Como pessoas temos nossas diferenças. Como criaturas de Deus somos iguais. Diferentes em funções desempenhadas, mas iguais na fé partilhada. Se fossemos iguais, onde estaria a diferença. Ser diferente também é normal (Propaganda da síndrome de Dwal);
· Convivemos com pessoas: com suas histórias, suas angústias, seus sonhos etc. Cada sonho vivido junto, na comunidade, torna-se real;
· No v. 18 Paulo diz que “mas Deus dispôs os membros...” Ele é quem fez a boca, a mão etc. Deus, através do Espírito é quem nos deu o dom para trabalhar na Igreja. Essas diferenças não podem nos atrapalhar. Qualquer membro que fica descontente com sua própria posição está travando guerra com Deus. Devemos aceitar sua vontade e fazer a nossa função: quer seja de boca, mão, pé, olho, coração etc. Cada membro deve viver contente com sua posição e não com inveja ou dizendo que não faz parte do corpo (da Igreja) (v.15 “não sou do corpo...”);
3 – Para cooperar com este corpo
· Enquanto a Igreja existir os membros devem cooperar com o seu desenvolvimento (crescimento);
· O corpo é único (v.20) e deve haver cooperação para ter desenvolvimento (v.21), pois um precisa do outro;
· Os membros inferiores são tão necessários quanto os superiores (v.24). Os membros devem cooperar uns com os outros (v.25);
· Ex.: o cérebro emite uma ordem para os pés andarem, as mãos pegarem o alimento, a boca mastigar, o estômago digerir, as veias conduzirem o alimento e nutrir todo o corpo. Se o pé não quiser fazer, a mão não pegar, a boca não comer etc., todo o corpo sofre (v.26);
· A Igreja caminha quando todas as partes se movimentam e colaboram neste andar. Quando um sofre todos sofrem e não torcem pelo sofrimento do outro.
Conclusão
· Revisão do tema e dos pontos;
· Aplicação: Qual é a sua função no corpo? Seja qual for, coopere sempre.
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