Versículo do Dia


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Bullyng, brincadeira do inferno na igreja!

Estavam no sítio, ele não era tão bonito, mas era espaçoso e grande.Ao longe se via uma grama rala, o barulho dos outros adolescentes gritando e conversando  a irritava e frustava.Não tinha mesmo como ela fazer parte daquela algazarra, uma vez que o seu algoz lá estava , mais uma vez pronto para aproveitar qualquer oportunidade de diversão.

Os pastores deram ordens expressas aos adolescentes para que não utilizassem as piscinas, pois o tempo certo era o tempo que eles julgasse o clima e o horários apropriados. Não havia crimes, como vir sentada no colo do namorado da filha do pastor, e nem como vir sem camisa tentando se aproximar das meninas pobres da igreja no fundo do ônibus. Não eram considerados crimes, apalpar os seios da namorada , trocar de namorado em rodízio de beijo enquanto não se chegava ao destino do retiro.Mas havia um pecado capital : Entrar na piscina fora de hora!
O clima esfriava, o céu escurecia, os meninos pareciam se divertir mesmo sem usufruir da atração principal.As meninas se aglomeravam para simplesmente falar das futilidades as quais ela nem ligava mais ou então decidir a roupa com que iriam chamar a atenção no dia seguinte.

No meio dos distraídos, afobados  e insensíveis.Havia um menino que parecia ser diferente dos outros.ele era bom e ela sabia que podia contar com ele se algo saísse errado, mas ela não o procurava pois apesar de ser sério e tímido, ele nunca estava só. Naquela noite de horror, ele a olhou sério nos olhos por 15 segundos sem dizer uma palavra.Ela imaginou que poderia passar a noite conversando com ele sobre o real motivo de estar ali, mas vieram lhe chamar.Foi uma pena.Mais uma vez, ela não pediu socorro.

A tarde findou e todos foram se preparar para a janta, como sempre haviam olhos negros que a espreitavam onde quer que fosse.Era isso que ela temia, que aqueles olhos e aquela sobrancelha grossa a seguisse ali também!  Era de arrepiar, ainda mais se tratando de um espaço aberto ao ar livre, amplo e com mato para todo lado.

Durante o intervalo para o jantar, como nunca tinha assunto em comum com as meninas, sua única amiga estava longe, tomando banho e se arrumando em outro quarto,ela foi tomar um pouco do merecido ar que lhe era impossível em casa.Foi respirar ar puro, sentir a brisa tocar o rosto e sonhar com pelo menos três dias de paz.

Aproximou-se da piscina para ver seu reflexo na água, a brisa estava uma delícia, mas com certeza os cabelos aproveitaram o vento bem mais que ela.Se inclinou, para ver seu rosto e ...Foi empurrada.Caiu na água ,com uma mão seguraram sua cabeça e com a outra enfiaram os dedos nos seus olhos, lá bebeu água por não menos que 5 minutos,e então soltaram.

Estava tonta demais para entender o que se passava quando olhou pra cima e viu o vulto do perverso correndo. Com dor de cabeça e a vista ardendo ela foi em poucos minutos puxada pra fora, temeu levantar a cabeça, mas reconheceu a voz do menino bonzinho, que lhe dava bronca enquanto lhe tirava da água.

Ele perguntava a razão dela ter feito isso, se sabia que não podia entrar na piscina, que seria punida, que todos iriam falar.Ela agarrou seu pescoço o mais forte que pôde , era um pedido de silêncio mudo para que a levasse para longe daquelas pessoas, daquele ambiente, daquela igreja.  pela primeira vez , viu seu herói bem de pertinho... E como era lindo o desenho do seu rosto e como sua voz a tranquilizava! Procurou organizar a mente e a respiração , mas o coração acelerado pelo quase afogamento e agora pela descoberta que acabara de fazer lhe impediam.

Chegou o pastor gritando, justamente o que não gostava dela.Onde estava o outro que lhe escutava sempre? Atrás o seu algoz dizendo que vira o momento exato em que ela resolveu tomar um banho de piscina, contrariando sua  orientação e decidindo nadar por ela mesma.

Puxaram ela com força, o menino bonzinho ficou pra trás, longe e desanimado.Seguiram-se dores na cabeça, uma febre alta e uma crise de asma a noite toda que impediu as companheiras de quarto  de adormecer. Uma certeza a mantinha com esperança de dias melhores: ela tinha um herói!

No dia seguinte, enquanto todos brincavam, riam e gritavam, ela ficou de cama e lá se foi o abençoado primeiro dia de retiro.

Do meu livro: Bullyng, brincadeira do inferno na igreja - Patricia Mota Garcia

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